Para o jornalista Audálio Dantas, repórter é uma pessoa que
pergunta e que dá crédito a quem fala. Você faz a pergunta e tem a obrigação de
dividir essa resposta com outros e contestar quando as resposta não forem verdadeiras.
O que seria do mundo se não houvesse tantas perguntas? Sem falar naquelas que
ainda não tem uma resposta.
Ferramentas para buscar a verdade são uma grande angústia
para o repórter. Diante dessa situação, Audálio comenta que se você não tem
certeza de que algo é verdadeiro então não leve a diante. Para ele, quem
escorrega na verdade está traindo a profissão.
Uma coisa que todo repórter deveria ter em mente é saber por
que esta perguntando, como perguntar e conferir se a resposta esta correta. Uma
observação bem interessante é quando ele comenta que os textos de Graciliano
Ramos tem beleza própria, que não precisa de nenhum enfeite. O mesmo vale para
um bom texto jornalístico.
Um bom repórter, além de saber o necessário sobre a profissão,
precisa ter a humildade necessária para abordar o entrevistado e muitas vezes
saber se colocar no lugar do outro. A matéria sobre a favelada Carolina Maria
de Jesus é a que considera mais importante, pois ela descrevia tudo o que via
na favela em seu dia a dia. Mais tarde, essa matéria se tornou livro e que tem
como título “Quarto de despejo”. Impossível não reparar que além ter uma boa
sabedoria, Audálio também tem a simplicidade em si.
Audálio Dantas começou como fotógrafo, mas sempre com os
olhos voltados para o texto. Considera a revista "Realidade" como a
primeira revista em que cada jornalista era considerado como uma grife, pois
era uma revista inovadora daquela época. Os dias mais tensos e de medo foi
quando estava no Sindicato dos Jornalistas e ficou sabendo da morte de Vladimir
Herzog. Com a morte de Vlado, alguns jornalistas começaram a perder o medo e
com uma resistência democrática que começou dentro do sindicato dos
jornalistas, levou ao fim a ditadura.
Uma lição que ele ensinou para futuros jornalistas é que a
pessoa em si, o repórter, tem que ter a simplicidade e a humildade, que lugar
de repórter é na rua, tem que gostar do que faz e ficar atento a tudo aquilo
que acontece a nossa volta e disponível para novas experiências.
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