2016: o ano da reviravolta


E que ano! Um ano marcado por tragédias, como a guerra em Aleppo, dos ataques terroristas ao redor do mundo, das mortes de famosos e o acidente com o voo da Chapecoense em que vidas foram perdidas da maneira mais inesperada possível. Choramos essas mortes. Alguns mais do que as outras como se fosse algum conhecido bem próximo da gente.

Um ano marcado por crise econômica e escândalos políticos: impeachment da ex-presidente, políticos sendo acusados e presos, outros em processo de julgamento. E quantas vezes você se perguntou “quando que esse político seria preso?” E foi, ou melhor, foram. Muito precisa ser feito, mas o pouco que já foi é alguma coisa. Estamos aguardando a cena dos próximos capítulos desses escândalos.

Também passamos por nossas perdas pessoais. Perdemos algum ente querido, soubemos da dificuldade de alguém próximo e até nos afastamos (ou não) de algum amigo. Não que esse afastar seja por querer, talvez tenha sido apenas por circunstâncias causadas pelo tempo. Talvez não seja nada.

E 2016 não teve apenas o seu lado ruim. Em algum momento aprendemos algo novo, conhecemos novas pessoas, cultivamos as velhas amizades e fizemos novos amigos. Compartilhamos algumas risadas e bons momentos. Aprendemos um pouco. De alguma forma, aprendemos um pouco. E quando não foi espontaneamente, fomos forçados a aprender e a entender algumas coisas. Não foi fácil, mas foi preciso.

No auge de 2016, um ano que parecia pouca coisa e que depois mostrou que não estava para brincadeira. Deu uns socos de esquerda, outros de direita e quando pensávamos em desistir, lá vinha 2016 com uma possível rasteira. E que tombo. “De novo não!”, foi isso o que pensamos toda vez que 2016 vinha pra nos dar aquela rasteira. Não foi nada fácil, mas fomos fortes o suficiente e tivemos forças para nos levantar.

Soubemos de fato, o que é resiliência. Um ano que nos ensinou a valorizar quem é importante para nós. 

O verde da esperança



Impossível não se sensibilizar com a tragédia do voo com o time da chapecoense. Até mesmo um coração de gelo acaba se derretendo e compartilhando da dor que tomou um país inteiro. E quando esse gelo derrete acaba se transformando em lágrimas.

A chuva que caia durante o cortejo e durante o velório não é um fenômeno da natureza. São lágrimas de um país inteiro demonstrando solidariedade. Mesmo que você nunca tenha conhecido nenhuma das vítimas do voo, não tenha vergonha de chorar. Não é feio e nunca será. 

Eu vi a dona Alaíde, mãe do goleiro Danilo, fazer o que mais ninguém ousou fazer: perguntar a um repórter do SporTV como ele estava se sentindo por ter perdido colegas de profissão que deixaram o filho dela e os outros membros do time conhecidos. E então ele desabou a chorar. Uma mãe que em meio a dor teve um gesto nobre. Ambos se abraçaram e compartilharam da mesma dor.

Eu vi e li por meio da mídia a solidariedade do povo colombiano. No dia em que seria o jogo da Chapecoense contra o Atlético Nacional, os colombianos foram ao estádio prestar sua homenagem às vítimas do voo. Vestiram-se de branco e acenderam velas em memória daqueles que partiram de uma forma trágica. #GraciasColombia

Eu vi times de futebol do mundo inteiro fazendo um minuto de silêncio para prestar sua homenagem àqueles que se foram. Eu vi profissionais da imprensa homenageando seus colegas de trabalho que foram vítimas desse trágico acidente.

E como não se lembrar do trecho da música da cássia Eller, "Estamos indo de volta pra casa". Hoje os guerreiros puderam retornar para casa nos aviões da FAB. Foram de um jeito para voltar de outro. Voltaram e foram recebidos de uma maneira diferente. Os guerreiros voltaram para o seu campo de batalha onde serão eternizados e lembrados como campeões. Foram em busca de um sonho, mas voltaram como lendas.

Podemos até não ser fanáticos por futebol, mas somos seres humanos. Temos um coração. Não somos feitos de aço. Temos sentimentos. Futebol deixou de ser apenas um grito de gol para um dos lados. Os clubes brasileiros se uniram por uma causa. Torcidas tornaram-se uma só. Que a união dos povos ultrapasse fronteiras, culturas e que o grito de gol seja contra toda adversidade. Enquanto houver solidariedade, sempre seremos humanos.

Dor, amor, luto e união. Estas quatro palavras resumem bem o sentimento de uma nação nos últimos dias. Em meio a esse turbilhão de emoções, que o verde possa trazer esperança para toda uma população e que as famílias tenham forças para superar este momento difícil.

#forçaChape